10/08/2018

mIúDa

Não escrevo para ser bonito, o que tem bonito tu teres-me feito sonhar e depois acordar-me com um balde de agua fria? 

Somos constantemente peões na vida das pessoas em que pouco ou muito lhes damos poder de fazer connosco o que quiserem. Eu fui o teu, e não consigo afirmar que tenhas sido o meu. Cada dia aprendo a viver sem ti, cada dia é mais um dia sem ti mesmo que às vezes ainda te sinta á minha beira a comentar qualquer coisa para quebrar o silêncio, não gostávamos de oferecer tal quando tínhamos demasiado para se fazer ouvir.

O tempo só estende o braço a quem quer. A quem permanece acorrentado consegue fazer a vida negra e usar qualquer motivo para dar uma dose de memórias indesejadas, não irá ajudar.
Quando tiramos os joelhos do chão e levantamos a cabeça o tempo já não é tão assustador e longo, aproveitamos qualquer lição que este dê para chegar á meta.
Como fiquei eu com tudo, não houve divisão para isto? Como é que os comprimidos foram todos para mim, porque razão as noites só eram escuras e barulhentas para uma das camas?

E com tanto tempo, não sei o que achar, não sei se foste tu o culpado de teres ido ou se realmente a vida te tirou de mim, mas se foi esse o caso, a vida que se encarregue de te dar algo tão bom porque tenho vindo a perceber que quem perdeu mais aqui, não fui eu.
Deixaste o impossível feito, não existe rezas, pedidos a um poder Divino para voltares, tu foste e nem olhaste uma última vez para mim, foste confiante.
O doloroso foi, ainda assim eu querer percorrer o caminho contigo, insuportável! Cada passo que dava para acompanhar-te era um caco a cravar-se criando sangue, já não aguentava a indiferença da tua carne a pisar o meu interior.

Tu não paraste, nem dificuldade houve em continuar a tua vida, jamais te voltaste a lembrar das manhas enroscados, das tardes mal contadas e das noites compridas. Quando pensares que não tens nada nem ninguém, lembra-te do que um dia arruínas-te e nunca devolveste, irás ter a certeza que já nem a mim me tens, ambos morremos com uma arma apontada á espera que o outro tivesse recuado primeiro.
Está a doer, perdi demasiadas pessoas numa só para conseguir tapar os buracos, escrever-te, consegue lentamente preencher as aberturas que deixaste.
Ficar bêbada de amor é perigoso e bom ao nível de não querer saber de maneira alguma da ressaca que se segue, e foi isso mesmo, arrisquei e até fomos um golpe de sorte mas tu largaste no momento que decidi amarrar-te e que dor de cabeça foste.

Tudo termina quando amor já não é o suficiente e lamento teres precisado de mais, um mais que não me incluía de maneira alguma.

Lembro-me de ti, nada como há meses atrás nem como ontem e sei que nem como amanha.

Não existem alturas certas para o adeus, só gostava de não ter estado tão alto quando me empurraste mas sem ressentimentos, hoje em dia consigo ver-te aqui de cima.
A saudade desapareceu para dar lugar a algo maior... A falta e essa, jamais é preenchida.


Com sorrisos e cicatrizes, 
a Miúda que quis dar-te o mundo.


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