19/08/2017

PARAlisada

Não sei o que foi, ou bem, talvez até saiba.
Foi amor, e dos grandes.
Foi tão grande como a dor que ficou, como a saudade e também como o vazio.
Já não sei o que é sentir um monte de emoções aqui dentro sem saber controlar, já não me lembro da última vez que discuti e ficar tão contente com a reconciliação, foi como se quando tivesse saído por aquela porta tivesse que aprender tudo de novo, incluindo andar, como é suposto continuar a andar e a sorrir se a pior coisa me estava a acontecer?
Como era suposto eu dormir sem ter a quem me agarrar, como era suposto eu almoçar sem ter companhia com quem partilhar, como é que era realmente suposto ser feliz se ele me tinha levado com ele? Sempre desvalorizei desilusões amorosas, por apenas isso, um coração partido à espera de ser reconstruído.
Eu própria me sentia sortuda de ser conhecida por não ter coração, por isso pensei, que mal tem amar? Mas aos poucos, fui percebendo que afinal apenas estava bem escondido. E maldito o dia que ele o achou, ele teve-o na mão e não soube estimar e guardar, ele magoou, ele deixou-o maltratado e tudo que restou, foram cacos que ele ainda fez questão de os espalhar para serem mais difíceis de encontrar e consequentemente de montar.
E hoje, encontro-me paralisada por não conseguir sentir, por não conseguir chorar nem amar, por apenas sentir saudade do que ele era e levou com ele, não pensou duas vezes em abandonar o barco que insistiu em navegar, nem sequer pôs em causa uma despedida, apenas foi.
E já não gosto de ti por me teres transformado neste grande monte de gelo, detesto-te por me teres tornado numa pessoa partida à espera de se sentir novamente completa, odeio-te por me teres feito amar-te cegamente.