20/07/2017

ROchaS

O dia já vai a meio e sinto que o vou ver com ela.
Antes de sair de casa verifiquei se pareço realmente como estou, contente .
Sento-me no sítio do costume, e como já esperava vejo-os de mão dada. Ela está ao telemóvel e noto que ele olha para mim pois sabe perfeitamente que estaria ali e tenho a força de sorrir para ele, vejo apenas um pequeno movimento dos lábios dele mas contento-me com tal.. Apenas eu sei o que exigir dele quando devo e não devo.
Por fora desejo-lhe a maior felicidade, por fora e por dentro mas bem lá no fundo, olho para ela e vejo o que ela tem que eu não tinha para não ter durado .
Estão felizes, desvio o olhar e olho para o mar furioso e entendo, pelo menos hoje e agora, entendo algo que me deixa tranquila acerca dele e do nós que matamos.. Na verdade não interessa, quem ele vá ter e quem ele irá amar, essa mulher jamais irá ter o que tive, e mais importante, ter o que tenho .
É triste, retrocesso e talvez doido de dizer que um pouco de nós sempre irá pertencer um ao outro.
Fecho o meu livro, e penso a quantidade de risos que este bar ouviu meus e as inúmeras piadas sem graça dele..

A nossa vida resume-se um pouco com o arrebentar das ondas, nós somos as rochas e diferentes ondas, diferentes impactos irão vir até nós o importante é manter-nos ali, em pé .