27/02/2023

vonTADe

Apesar de já ter usado a escrita mais do que uso hoje em dia é em dias como estes que ainda a procuro. Faço-o cada vez menos, talvez pelo tempo ser pouco mas porque fica cada vez mais difícil expor(-me).


Não durmo. A minha capacidade de concentração desapareceu e as minhas piadas também, só procuro estes momentos quando sinto que perdi o norte.
A minha máscara caiu, não sinto que consiga continuar com esta personalidade dupla em que se divide num eu sozinha e num eu acompanhada. Estes últimos tempos tenho levantado mundos que não são meus, tenho tentado fazer malabarismo com tantas preocupações e ao fim do dia, quando sinto que não devia ter saído da cama, é que me apercebo que nada do que fiz foi por mim. Talvez seja este o meu maior defeito, fazer surpresas a quem precisa de uma dose de felicidade ignorando os meus próprios sinais de alerta.


Não sou nova nestes caminhos, conheço as cores e a música de fundo e quando me deparo no mesmo sitio, pergunto-me porque me sinto uma borboleta à procura de luz - quando sei que aquilo não me vai ajudar mas ainda assim, deixo-me ir.
Às vezes gostava de não ser tão matura, tão pensativa, tão observadora, tão ansiosa, tão eu. Tenho me sentido fora do meu corpo, quase como se o meu corpo estivesse em piloto automático e pode até ser engraçado quando se trata de uma limpeza doméstica mas perde graça quando me deparo dentro do carro sem saber muito bem o que estou a fazer e onde estou.


Acredito sempre que eu posso esperar, que hei de conseguir levantar-me novamente - não agora nem quando for preciso, apenas quando eu quiser e a verdade é que as minhas vontades não me obedecem - estou prisioneira de mim mesma e nunca um sentimento foi tão difícil de explicar.


Devia deixar que alguém entrasse mas não sei sequer explicar como se vem aqui ter quando já nem eu sei como fiz para vir aqui parar. Não me quero explicar, não quero tentar descrever o quão escura a minha mente tem estado e contagiar ou até mesmo assustar quem quer que seja. 
Tenho melhorado a minha capacidade de escrever sobre coisas boas da vida mas a verdade é que nada tem servido, nada me tem mantido à tona tempo suficiente e cá estou eu, de volta ao mesmo registo.

Escrevi, apaguei, quis desligar tudo e voltei de novo, no entanto, nunca demorei tanto a ouvir-me e a tentar perceber-me. Nunca foi tão difícil. Mas o que interessa é que acabe sempre por voltar e essa vontade eu tenho, eu quero voltar.

Sem comentários:

Enviar um comentário